#4- Da não-violência numa sociedade de conteúdos ( feat. Benjamin Clementine)
Há dias escreveu José Pacheco Pereira um magnífico artigo no jornal "Público" [ "A ascensão da nova ignorância"] . Acrescento ,aqui , algumas ideias que poderão ser livremente objeto de discordância para quem lê o que escrevo por "pura carolice" neste Blog.
Conclui (JPPereira) o seu artigo afirmando que " (...) Como na nova ignorância, se trata de uma atitude hostil ao saber e ao seu esforço, mais do que um efeito de fonte única, há uma guetização da opinião, com arrregimentação entre os próximos e a diabolização dos "outros". De facto, é cansativo ler os comentários dos leitores nos jornais online ou em páginas de redes sociais, dada a violência verbal que é utilizada, sem qualquer moderação por parte das redações dos jornais.
Numa sociedade de conteúdos como é a sociedade atual, a da desinformação, é fácil escolher o conteúdo mais adequado sem se problematizar sobre nada, sem se investigar a fundo um tema, sem se recorrer a sites, a apps, ao mundo digital. Isto é claramente observável no contexto escolar, no qual os jovens produzem trabalhos com base em motores de busca na web que lhes fornecem a informação necessária, sem verificação e fidedignidade.
Há 20 anos atrás qualquer estudante universitário português consultava documentos em mão, nos "reservados" da Biblioteca Nacional, por exemplo, e sentia nisso um imenso prazer.
Existem neste momento bases de dados fidedignas como a da Biblioteca Nacional ou do Projeto Gutenberg. Neste último projeto trabalham revisores voluntários com o objetivo de fornecerem obras antigas a todas as pessoas, em todo o mundo.
Deve coexistir esta vontade de pesquisar e problematizar sobre o mundo que nos rodeia quer na versão em papel ou no formato digital . Não pode ser uma vontade acéfala mas construtiva, de pleno crescimento pessoal.
Os professores têm desenvolvido um trabalho meritório neste aspeto, tentando lutar contra esta "nova ignorância" que comporta também, consequentemente, crescentes formas de violência.
Felizmente há quem desenvolva na área da Filosofia para Crianças autênticas maravilhas, colocando pequenos pensadores no caminho daquilo que é fundamental - a reflexão sobre o mundo ( ainda que seja ainda pueril)- e é isso, essa pérola, que dá ainda muito alento a quem ensina.
ao meu filho Manel.
@marinamalheiro