# Lisboa em modo de recolher obrigatório
Sexta-feira, 8:30,Lisboa
À porta do HSJosé estão estacionados vários carros funerários. A porta fúnebre está aberta. Um frio horrível faz nos tremer perante esta tremenda realidade.
Sábado, 11:50, Lisboa.
Os carros acumulam-se no estacionamento do centro comercial.
Lá dentro nas passadeiras rolantes dos vários andares há pessoas como formigas no carreiro, com ar compenetrado e sério. Páro num dos pisos para namorar livros. A fila maior naquele espaço não é para os livros mas para as apostas de jogos. Penso de que modo é que as pessoas arranjam escapes para enfrentar este estranho momento de aprisionamento viral em que vivemos.
Avenida Álvares Cabral, 12h50.
Várias pessoas descem a avenida. Vêm dos cafés no topo e, apesar do frio cortante, preferem- no. Um momento de liberdade, apenas. Eu e meia dúzia de pessoas bebemos o café já na rua, dado que a pastelaria já se apressa para fechar portas.
Tempos estranhos estes. Só queremos a liberdade para beber calmamente um café e abraçar os nossos. Só isso.
@malheiro