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http://jazzística.blogs.sapo.pt

Blog de poesia , música e olhares de Marina Malheiro, aprendiz de poesia

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# Da " fome de leitura" ( Yu Hua & Rui Veloso)

28.05.18 | marina malheiro

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James Holt Marbles JEH Marble HUGE1 89 inch Handmade Glass Surface Work

Yu Hua escreve a páginas tantas no seu interessante livro China em Dez Palavras [ Relógio D'Água Editores, 1ª edição, Abril de 2018]: " (...) Vivíamos mergulhados numa fome de leitura há demasiado tempo e apenas olhar para estas obras famosas trazia-nos já uma grande alegria. Algumas pessoas mais generosas abriram os livros que tinham comprado, permitindo que quem não conseguira comprar nada pudesse cheirar o aroma da tinta. Eu também tive essa possibilidade , foi a primeira vez que senti a fragrância de um livro novo, um delicado perfume absolutamente deslumbrante. Nunca esqueci as expressões das pessoas que ficaram imediatamente atrás do número cinquenta, consigo descrevê-las apenas como uma espécie de ódio amargo. ". 

Este é apenas um breve excerto sobre a fome de livros, de cultura, depois de terminar a Revolução Cultural na China. Agora são publicados milhares de livros por ano, na China.

Em Portugal são publicados tantos livros. Onde ficou a fome de leitura? Saciada pelas redes sociais, pelo digital, pelo excesso de informação, pelo excesso de instrução cognitiva? 

O problema é este  [ a gente não lê- todos os direitos reservados a Rui Veloso]. De acordo com dados de 2016, a taxa de analfabetismo em Portugal é de 5%, ainda. 

 

@mmalheiro

 

 

Ao senhor do programa da "montra" ( a PRD)- feat. OMD

24.05.18 | marina malheiro

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Fotografia da revista Capa [K]

Lido de um só fôlego o livro póstumo de Pedro Rolo Duarte [Não Respire, Manuscrito, Maio 2018,1ª edição], revelador de uma enorme coragem para além do estigma da doença, para além do jornalismo, da vida, da essência humana. Certamente, muitos que têm de estar naqueles cadeirões em tratamentos, com imensa dignidade, rever-se-ão nas suas palavras.

Todos -de duas gerações  rever-se-ão  nas suas palavras- e muitos sintrenses que conhecem a aldeia do Penedo, Colares e a Praia Grande.

É o meu caso; leitora do SE7E, do DN, do Independente, da Kapa ( cujos exemplares ainda guardo), do DNA ( para o qual escrevi como leitora) e participante ativa nos idos anos 90- tempos da Nova- íamos quer em manifs , quer por piada colocarmo-nos junto ao vidro aquando do seu programa "Canal Aberto". Eu e os meus amigos fizemos parte dos "da montra". Obrigada Pedro Rolo Duarte. 

@mmalheiro

OMD- Souvenir ( all rights reserved)

 

# Das histórias sem final ( feat. Everything but the girl)

23.05.18 | marina malheiro

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Cavalos, Júlio Pomar

Os artistas nunca morrem .  As suas histórias são inacabadas , sem final, sempre com um ponto e vírgula, visões explicativas da realidade, de uma outra realidade, sem páginas definitivas.

[ everything but the girl - cover do original de Simon and Garfunkel- all rights reserved)

“A gente não só esquece as coisas simplesmente porque elas não importam mas também esquece as coisas porque elas importam muito — porque cada um de nós recorda e esquece segundo um padrão cujas curvas labirínticas representam um sinal de identificação não menos individual do que uma impressão digital —, não é de admirar que os fragmentos da realidade que uma pessoa acolhe zelosamente como constituintes da sua biografia possam parecer a uma outra, que, digamos, tenha comido dez mil jantares na mesma mesa de cozinha, nada mais do que uma caprichosa excursão no terreno da mitomania.” 

Philip Roth

@mmalheiro

 

 

 

 

#1832- Do povo

01.05.18 | marina malheiro

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Collage CICOTTE 2013 Waldemar Strempler Tumblr

começam os dias de maio, os dias que me recordam o que há de melhor no sabor a Liberdade num país.

aprecio-os, agora, novamente acompanhando um verde e puro ramo meu, que faz da vida uma brincadeira constante, palrando muito e o outro meu ramo verde em crescimento viçoso.

enquanto as minhas palavras não chegam , sorvo as dos outros e aprendo.

" (...) Ao longo dos mais de quarenta anos que passaram desde a Revolução Cultural, a palavra "povo" foi perdendo qualquer significado na realidade social chinesa. Usando jargão atual, "povo" é como  uma empresa-fantasma - utiliza-se em diferentes momentos para colocar diferentes produtos no mercado".

in China em dez palavras, Yu Hua, Relógio D´Água, Abril 2018

@mmalheiro

 

a Julieta Afonso, in memoriam