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http://jazzística.blogs.sapo.pt

Blog de poesia , música e olhares de Marina Malheiro, aprendiz de poesia

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# Ver a margem da sala ( feat. Talking Heads)

27.03.18 | marina malheiro

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Lisboa anos 50/60 - foto via Pinterest

a vida pode ser às vezes como uma vista da margem da sala, um exercício de desenho para principiantes.

poderá ficar desproporcional como o tal desenho, a vida. qual será a proporção certa, certinha da margem da sala de cada um ?  existe?

esboçar os espaços em nós e nos outros como desenhos diários, a traços finos, esbatidos e depois a traços definitivos.

assim caminhamos na nossa margem, não esquecendo aqueles que foram/são eternamente raiz em nós.

@mmalheiro

aos meus amigos. à minha amiga Fátima Morais.

 

( once in a lifetime- talking heads- all rights reserved to The Talking Heads)

 

# A Fada das Crianças

21.03.18 | marina malheiro

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via Pinterest

Do seu longínquo reino cor-de-rosa, Voando pela noite silenciosa, A fada das crianças, vem, luzindo. Papoulas a coroam, e, cobrindo Seu corpo todo, a tornam misteriosa

 

À criança que dorme chega leve, E, pondo-lhe na fronte a mão de neve, Os seus cabelos de ouro acaricia — E sonhos lindos, como ninguém teve, A sentir a criança principia.

E todos os brinquedos se transformam Em coisas vivas, e um cortejo formam: Cavalos e soldados e bonecas, Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam, E palhaços que tocam em rabecas…

E há figuras pequenas e engraçadas Que brincam e dão saltos e passadas… Mas vem o dia, e, leve e graciosa, Pé ante pé, volta a melhor das fadas Ao seu longínquo reino cor-de-rosa.

Fernando Pessoa in A Fada das Crianças

ao meu filho David

 

#Everness (Borges)

16.03.18 | marina malheiro

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Av. da Liberdade, 1937 in Pinterest

 

Só uma coisa não há. O esquecimento.

Deus, que salva o metal, salvou a escória

E grava na profética memória

As luas a brilhar cada momento.

Já tudo existe. Os milhares de reflexos

que entre os dois crepúsculos do dia

Teu rosto foi deixando entre os convexos

Espelhos e os que deixar nessa alquimia.

E tudo é uma parcela do diverso

Cristal dessa memória, o universo;

Não têm fim seus árduos corredores

E suas portas fecham-se ao teu passo;

Verás só do outro lado do ocaso

Belos Arquétipos e os Esplendores.

 

Jorge Luís Borges

[ ainda bem que há poetas com palavras , já que as minhas não saem agora]

ao meu pai.

 

@mmalheiro

 

# Das livrarias

03.03.18 | marina malheiro

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Animação lindíssima de  Rino Stefano Taglafierro ( todos os direitos reservados a Rino Stefano Taglafierro)

Num momento em que coexiste o texto impresso e o texto digital ( a que  acedemos em diferentes "objetos digitais" no chamado hipertexto) urge defender lojas de cultura, as livrarias. 

Se cada vez mais proliferam os espaços de comida , cada vez mais especializados, cada vez mais como "nichos de mercado alternativo", também as livrarias têm de se especializar mais, inovar mais, neste mercado competitivo.

É, pois, necessário, também, " comer livros", "comer palavras" mas das boas  e não "beber" sem filtro tudo o que aparece na Internet. Saudades da velhinha Barateira junto ao teatro da Trindade! 

Tal como existem máquinas de comida ligeira nos espaços públicos ( hospitais, ainda)  por que não colocar-se máquinas com livros nesses espaços, pequenas livrarias ambulantes? Pouco a pouco talvez se recuperem os leitores, talvez se ganhem novos leitores  para ler maravilhas assim:

 

O silêncio é como se fosse água. Daquela água pura da montanha que se bebe directamente pelo coração.] Jorge Sousa Braga ( todos os direitos reservados a Jorge Sousa Braga)

 

@mmalheiro