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http://jazzística.blogs.sapo.pt

Blog de poesia , música e olhares de Marina Malheiro, aprendiz de poesia

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1836- Numa praia distante (feat. Judy Collins)

12.06.18 | marina malheiro

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pintura de john morris 

no dia em que o meu pai partiu houve quem me dissesse cruamente " não há nada que te possa dizer para diminuir a dor". é verdade. as palavras maternas suavizam, acarinham, os amigos são uns queridos em preocupação mas nada há que apague o facto que nunca queremos que nos aconteça, o de ficarmos sem os nossos pais.

todos os livros remetem para as fases do luto que culminam na aceitação da perda sem dor. existirá essa aceitação mas creio que a dor ficará sempre ou então seríamos todos autómatos.

existirá uma saudade dos bons momentos, das risadas e até das ausências  naturais em vida mas que sabíamos que culminavam num telefonema à noite.

aceitar que o telefone não tocará mais e de que já não há voz física do outro lado é o mais difícil. ficou aquele "até amanhã, filha".

tal como recentemente um chef conhecido desistiu da vida, fazendo a sua opção individual, também o corpo dos nossos sucumbe à linha do tempo. espero sinceramente que a paz abrace o meu pai, onde quer que esteja, numa praia distante ou numa rua de um outro espaço sideral a jogar ao berlinde, contente, como sonhei há semanas.

deixo uma frase que o meu pai dizia por vezes " és feliz?isso é que importa. nada mais."

[ à minha mãe, aos meus irmãos]

[ ao meu pai, com saudades]

@mmalheiro